segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Musikarma

Trago a ti estes poucos termos
Para termos entre nós uma palavra
Rimas magras, anoréxicas, desnutridas
Rimas pobres, de palavras repetidas
Verbos simples, apopléticos, versos flácidos
Tais quais os teus jamais.
Como os teus, devoro os teus
Na busca vã de igualar-me a ti
Como se quisera tornar-me tua melodia.
Se me violas, se me guitarras,
Se me perquires, se me percutes,
Faço-me surdo, abatido batuque
Torno-me amiúde, faço-me alaúde
Sou triste sinfonia: não me podes tocar.
Tangente, indigente, inaudível, impertinente!
Decifra-me lentamente, sem me poder afinar.
Conforma-te às claves do meu sol,
Tamanho dó quanto me permito assoviar
Meu silente canto de cotovia,
Sonhando um dia ser rouxinol.

(Ana Charlene Negreiros)

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